Fortaleza / CE - sexta-feira, 19 de abril de 2024

Geriatria


Geriatria e Qualidade de Vida


Geriatria é o ramo da medicina que estuda a prevenção e o tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento. A gerontologia estuda o processo biológico de envelhecimento, valorizando a qualidade de vida dos idosos, consderando seus valores ambientais, sociais e culturais.

Nós geriatra incentivamos o envelhecimento ativo.

Envelhecer ativo significa, acima de tudo, envelhecer com saúde. 

É possível envelhecer com qualidade de vida na terceira idade? Para muitos, essas duas palavras não combinam. Envelhecer parece ser sinônimo de doenças, tristeza e dependência. O Brasil é um país de jovens; porém, até 2025 será o sexto país com maior número de idosos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Brasil está envelhecendo e estamos vivendo um período de transição demográfica com profundas modificações culturais da nossa sociedade. Ser velho é ficar isolado em casa, não ter família e amigos, não ter mais objetivos na vida...


Alguns são velhos antes de serem idosos. Ser idoso é ter mais de 60 anos e continuar tendo uma identidade, vestir o que ilumina a alma, sair com os amigos, viajar, curtir os netos e participar da vida deles sem perder a sua. Será que estamos preparados como indivíduos e como sociedade para esta “onda prateada”? Os países desenvolvidos tiveram aproximadamente 100 anos para se adaptar a essa “nova onda”. Nós teremos cerca de um terço deste tempo. Envelhecer com qualidade de vida e autonomia é o grande desafio dos tempos modernos.


Segundo a OMS, em 1994, qualidade de vida é a “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Para manter uma qualidade de vida, é preciso um contexto. Como ter qualidade de vida se não é possível caminhar em uma calçada sem ter um grande risco de queda? Subir em um ônibus com grandes degraus é quase uma aventura “com emoção”. É preciso adaptar este contexto a uma nova sociedade. Uma sociedade repleta de vida, mas com algumas dificuldades físicas que necessita de um novo olhar dos governantes e políticas públicas para nós mesmos.


No conceito da OMS, fica claro que a qualidade depende da percepção indivíduo e está intimamente relacionada com a autonomia e a independência. O primeiro preceito para autonomia é ter saúde, mas ter saúde não é a ausência de doenças. Ter saúde é manter um bem-estar físico, mental e social. Costumo dizer que a Geriatria é a ciência da simplicidade! Ela costuma relembrar dicas simples para viver melhor. A tecnologia da medicina deve ser utilizada para prevenir doenças, e não para manter vida a qualquer custo, mantendo pessoas dependentes de máquinas em ambientes não familiares.


Qualidade de vida é ter amigos, mesmo depois dos 60 anos. Ter autonomia é poder decidir qual será a próxima viagem com estes amigos. Conceitos simples, mas com muito significado em uma sociedade em que os velhos vivem a vida dos filhos, não namoram, não vivem. Acima de tudo, envelhecer dever ser sinônimo de movimento. É preciso se manter ativo para ter um envelhecimento bem sucedido. Pode começar em qualquer idade, o que você mais gostar: dançar, andar, correr, nadar, desde que tenha regularidade. Para envelhecermos bem, a principal mudança deve acontecer dentro de nós.


Ianna Lacerda Sampaio Braga

iannalacaerda@gmail.com 
Médica geriatra titulada à Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e professora do curso de medicina da Unifor